DECUPAGEM / CRÔNICA DE UM FINAL ANUNCIADO
Exposição Individual
MARP - Museu de Arte de Riberão Preto
2015
A estrutura de uma janela no chão, recostada na parede e vedada por chapas de chumbo, naturalmente não serve à entrada de qualquer luz. Diante do que se forma nessas aberturas bloqueadas, no entanto, é inevitável imaginar paisagens. Rascunhamos em nossa cabeça o que testemunharam e, sobretudo, o futuro que possivelmente guardam do outro lado. Na ausência que um mundo sem frestas encerra, nos é permitido ver e prever o que quisermos.
Ao constatarmos nos dias de hoje cenários que se aprofundam em colapso ecológico e esgotamento social, somos cercados, em um processo lento e angustiante, pelo escurecimento do porvir. Sob o peso dessa perspectiva estropiada, é irresistível pensar no início. É possível então contemplar a vista de um lugar há milhões de anos.... O equivalente a um Éden, intocado por mãos humanas e cuja beleza selvagem só nos importa em seu potencial [de uso].
Enxergar essa imagem pré-histórica é perceber uma natureza intimidante em sua grandiosidade, mas principalmente, terreno fértil para o amanhecer da humanidade. Eis nosso princípio: o primeiro homem ergue o braço em riste. Como foi que começamos a nos exercitar na desgraça?
Esta ventana que viaja por meio de passagens anacrônicas logo nos põe de frente com o surgimento das agremiações de gente. Quem sobrevoa a época em que dominávamos primitivamente a natureza – debaixo de pedras e paus, ao redor de fogueiras erguidas sobre uma terra mais ou menos assentada – ainda não poderia supor a capacidade afiada de um dia produzirmos tragédias em série. De igual sorte, ninguém prognosticaria que um ou outro megalítico viria a se tornar um enfileiramento de edifícios colossais.
Não damos sinais de recuo; muito pelo contrário, aceleramos ávidos no sentido da exaustão. E sendo terrivelmente desmedido o apreço pelo controle dos processos que erguem, demolem e reerguem, qual não é o nosso estarrecimento quando nos damos conta que mesmo uma infinidade de torres de concreto e ferro, todas devidamente bem fundadas no solo graças ao poderio de caminhões e escavadeiras, pode ser – fortuitamente, costuma-se dizer – desmanchada e engolida com a mesma facilidade que ventos podiam sumir com nossas aventuras arquitetônicas inaugurais.
Metáfora da vida real: se a Terra nos ofereceu, quando quer, devora tudo de volta.
Germano Dushá, 2015
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Ao constatarmos nos dias de hoje cenários que se aprofundam em colapso ecológico e esgotamento social, somos cercados, em um processo lento e angustiante, pelo escurecimento do porvir. Sob o peso dessa perspectiva estropiada, é irresistível pensar no início. É possível então contemplar a vista de um lugar há milhões de anos.... O equivalente a um Éden, intocado por mãos humanas e cuja beleza selvagem só nos importa em seu potencial [de uso].
Enxergar essa imagem pré-histórica é perceber uma natureza intimidante em sua grandiosidade, mas principalmente, terreno fértil para o amanhecer da humanidade. Eis nosso princípio: o primeiro homem ergue o braço em riste. Como foi que começamos a nos exercitar na desgraça?
Esta ventana que viaja por meio de passagens anacrônicas logo nos põe de frente com o surgimento das agremiações de gente. Quem sobrevoa a época em que dominávamos primitivamente a natureza – debaixo de pedras e paus, ao redor de fogueiras erguidas sobre uma terra mais ou menos assentada – ainda não poderia supor a capacidade afiada de um dia produzirmos tragédias em série. De igual sorte, ninguém prognosticaria que um ou outro megalítico viria a se tornar um enfileiramento de edifícios colossais.
Não damos sinais de recuo; muito pelo contrário, aceleramos ávidos no sentido da exaustão. E sendo terrivelmente desmedido o apreço pelo controle dos processos que erguem, demolem e reerguem, qual não é o nosso estarrecimento quando nos damos conta que mesmo uma infinidade de torres de concreto e ferro, todas devidamente bem fundadas no solo graças ao poderio de caminhões e escavadeiras, pode ser – fortuitamente, costuma-se dizer – desmanchada e engolida com a mesma facilidade que ventos podiam sumir com nossas aventuras arquitetônicas inaugurais.
Metáfora da vida real: se a Terra nos ofereceu, quando quer, devora tudo de volta.
Germano Dushá, 2015
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